CONVIDADOS PARA CONTINUAR A REDENÇÃO
Dizemos que vocação é um chamado de Deus para concretizarmos um projeto divino aqui na terra e aí perguntamos que projeto é esse?
Alguns passam a vida toda e não descobrem esse projeto, outros tentam descobrir no seu dia-a-dia, enquanto alguém o percebe ao longo de sua vida esse projeto acontecendo. Enquanto para alguns esse projeto se concretiza no seu sim que dá a cada momento.
Para aqueles que passam a vida toda e não descobrem para que foram chamados, esses nunca escutaram o chamado, para aqueles que o descobrem no seu dia-a-dia são aqueles que dão sua resposta concreta a cada instante que amanhece, renova e coloca vida, desempenho e vive cheio de alegria. Para aqueles que percebem ao longo da vida, são aqueles que acreditam na presença de Deus na história e para aqueles que possuem a fé no seu sim, são aqueles que cheios de energia, força e carisma se colocam a disposição na jornada.
Acredito que “vocação - chamado de Deus”, só existe quando dentro de nós temos forças para dá essa resposta, quando essa resposta passa também por minhas decisões, quando creio com intensidade, quando tenho convicção, quando possuo um alicerce diferente daquele que já foi posto e quando doo minha vida por essa causa.
Muitos ao longo da vida que foram chamados perderam suas convicções, era vocação? Desilusão? Chamado? Desengano? Erro de vocação? Creio que vocação é como semente que deve ser plantada e cultivada, regada todo dia, a cada momento e cada instante, mas que também deve crescer, mas quem faz crescer? Muitos perderam sua convicção por colocaram suas esperanças nos homens, outros por que queriam testemunhas oculares, face a face e não encontram exemplo, testemunhas, enquanto alguns esperaram santidade com roupagem enganosa de perfeição.
Quantas vocações foram perdidas por falta de cultivo?
Quantas vidas foram exploradas por falta de discernimento?
Quantas almas foram jogadas além vida por falta de regar?
Quantas pessoas foram desvalorizadas por falta de não serem ajudadas espiritualmente?
Não somos nós humanos que chamamos, vocação preocupação de quem? Da congregação? Da Igreja? Do grupo vocacional? Da diocese? Do vaticano? Não! Não cabe a nenhum desses setores se preocuparem com as vocações, mas cabe a eles cultivá-los, regá-los, pois somente Deus chama, faz crescer, é Ele quem se preocupa, quer dizer é Ele quem envia, fortalece.
Nossas instituições tão frágeis, tão limitadas, como ousamos cultivar, regar? Quem é o promotor vocacional? Quem é o diretor das vocações? “Quem é, portanto, Apolo? Quem é Paulo? Servidores, pelos quais fostes levados à fé; cada um deles agiu segundo os dons que o Senhor lhe concedeu. Eu plantei; Apolo regou; mas era Deus quem fazia crescer. Assim, pois, aquele que planta nada é; aquele que rega nada é; mas importa tão-somente Deus, que dá o crescimento. Aquele que planta e aquele que rega são iguais entre si; mas cada um receberá seu próprio salário, segundo a medida do seu trabalho. Nós somos cooperadores de Deus, e vós sois a seara de Deus, o edifício de Deus. Segundo a graça que Deus me deu, como bom arquiteto, lancei o fundamento; outro constrói por cima. Mas cada um veja como constrói. Quanto ao fundamento, ninguém pode colocar outro diverso do que foi posto: Jesus Cristo”. (I Cor 3, 5-11).
Portanto, esquecemos nosso fundamento, ou a vida nos desmotiva a fortificarmos nosso alicerce, colocamos nossas forças em nossos institutos e nos jogamos em plena jornada missionária, esquecendo-nos da pedra angular, do apoio primordial.
Não existe chamado a onde não existe presença de Deus.
Não existe vocação onde não há alicerce.
Não existe crescimento onde não há amor.
Não existe entrega de vida onde não existe sentido.
Não existe Deus a onde não há fé.
Portanto, meus caros amigos vocacionados a santidade, chamados para o amor e fortificados por Deus, somos todos chamados a continuar a redenção em nossas vocações, sejam quais elas forem, que sejam verdadeiras a ponto de nos doar por aquilo que acreditamos, eis aí o grande convite de Deus: acreditar e doar-se, eis aí vocação, eis aí o chamado, eis aí o amor.
Pe. Cleandro de Oliveira Pessoa CSsR.