Mateus 7,21-27

05/03/2011 16:38

9º DOMINGO DO TEMPO COMUM

 

Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo † segundo Mateus

 

 

 

 



Naquele tempo, disse Jesus a seus discípulos: Nem todo aquele que me diz: "Senhor, Senhor", entrará no Reino dos Céus, mas o que põe em prática a vontade de meu Pai que está nos céus. Naquele dia, muitos vão me dizer: "Senhor, Senhor, não foi em teu nome que profetizamos? Não foi em teu nome que expulsamos demônios? E não foi em teu nome que fizemos muitos milagres?" Então eu lhes direi publicamente: ‘Jamais vos conheci. Afastai-vos de mim, vós que praticais o mal’. Portanto, quem ouve estas minhas palavras e as põe em prática, é como um homem prudente, que construiu sua casa sobre a rocha. Caiu a chuva, vieram as enchentes, os ventos deram contra a casa, mas a casa não caiu, porque estava construída sobre a rocha. Por outro lado, quem ouve estas minhas palavras e não as põe em prática, é como um homem sem juízo, que construiu sua casa sobre a areia. Caiu a chuva, vieram as enchentes, os ventos sopraram e deram contra a casa, e a casa caiu, e sua ruína foi completa!” 

Palavra da Salvação.

 

 

Ouvir a palavra e praticá-la é sabedoria

 

Sábia é a pessoa experiente capaz de avaliar variações e diferenças. As coisas não são iguais umas as outras e não permanecem iguais as elas mesmas. Portanto, se até a simples construção de uma residência deve levar em conta as variações climáticas a ser edificada com alicerce sólido capaz de resistir a tempestades, muito mais a vida humana precisa se constituir de fundamento inabalável não só resistente a "golpes bruscos", como também capaz de dar fineza de espírito para distinguir as mais tênues variações e diferenças.

Ora, segundo este trecho do evangelho, o único fundamento capaz de dar solidez e espírito refinado à vida humana é o Sermão da Montanha (cf. Mt 5,3-7,23), referido por Jesus como essas minhas palavras (cf. Mt 7,24). Escutar "essas palavras" d´Ele e praticá-las é estabelecer, sabiamente, a própria vida sobre bases consistentes porque elas revelam, plenamente, a vontade de Deus (cf. Mt 7,21). Portanto, quem assim proceder não só poderá subsistir a todas as provações da vida, como também poderá apresentar-se confiante, diante de Deus, no dia do juízo (cf. Mt 7,22-23).

Por outro lado, quem não as ouve ou, simplesmente, se limita a escutá-las sem praticá-las está edificando a própria vida sobre aparência sem consistência. A vida de uma pessoa pode parecer brilhante e segura sob os aspectos humanos, a ponto de causar a ilusão de segurança absoluta, como é descrita na parabola do homem rico, citada no evangelho de Lucas. Tal proprietário obteve uma colheita tão abundante que teve a impressão de estar completamente seguro a pondo de poder passar o resto da vida comendo, bebendo e divertindo-se sem nenhuma preocupação (cf. Lc 12,19).

É bom esclarecer que os bens terrenos e as seguranças humanas são dons de Deus e, por isso, não é pecado usufruí-los. A sabedoria do Evangelho, contudo, nos ensina que colocar o centro de nossa vida nisso é uma insensatez, porque toda segurança humana é precária e transitória, podendo se desfazer em fração de segundos. Tal é o caso do homem da parábola anteriormente citada, pois exatamente no momento em que atingiu o máximo da segurança humana, apresentou-se o fato de que deveria morrer: "Insensato, nessa mesma noite te será pedida tua alma" (Lc 12,20a). Assim, o que ele julgava segurança definitiva, na verdade, não passava de empreendimento inconsistente e fugaz: uma construção edificada na areia, que não tardou a desmoronar. A comunicação tão incisiva da vontade de Deus, no Sermão da Montanha, deixou os ouvintes muito impressionados. Com efeito, Jesus não dá simplesmente uma contribuição à discussão sobre normas de comportamento humano, mas fala com absoluta autoridade. Do pôr em prática "essas suas palavras" dependem nada menos do que a salvação ou a condenação. Somente o Filho de Deus poderia falar assim, porque conhecendo a vontade do Pai pode manifestá-la como norma vinculante e decisiva para a salvação da humanidade.

Frei Aloísio de Oliveira, OFM Conv

Especialista em Teologia Bíblica pela Pontifícia Universidade Gregoriana de Roma

O Mensageiro de Santo Antônio